segunda-feira, 3 de março de 2014

De mãe para mãe...

Se ser-se mãe (e pai) for uma ciência (que há dias em que acredito que sim), não é de todo uma ciência exacta. Não há verdades absolutas, não há fórmulas milagrosas nem guiões a seguir. O que é válido para uns resulta “zero” para outros. O que pré-definimos e todas as regras e mitos que temos são muitas vezes deitadas por terra quando somos pais.
Quem de nós, antes de ter um filho, não dizia “se fosse comigo”, “ai se fosse eu”, “quando tiver um filho vou ser ou fazer assim ou assado”?!! E quantos de nós fizemos tudo ao contrário do que pensámos?!! Ou chegámos à conclusão que afinal as coisas resultam de forma diferente?!!
E isto aplica-se no eterno dilema de muitos pais sobre se hão-de levar as crianças para todo o lado ou não, sobre se deverá ser a nossa vida, de pais, a adaptar-se à dos mais pequenos, ou se deverão ser eles a entrar nas nossas vidas e adaptarem-se logo desde que vêm ao mundo.

Pois, como tudo o que escrevo, também isto se trata da minha experiência, da minha opinião e daquilo que eu considero o meu ideal. Ideal esse moldado à minha postura e forma de estar na vida e aos filhos que tenho. E por sorte os filhos que me calharam vieram de encontro à minha expectativa, no que diz respeito a este tema. Ou então durante os 9 meses que aqui andaram aconchegadinhos conseguiram perceber muita coisa e consegui transmitir-lhes como esperava gostava que fossem.
Óbvio, repito, óbvio, que o nascimento de um filho, o aumento da família, é um processo de ajustamento, de adaptação de todos. Tal como numa empresa quando um novo elemento se junta, não é só quem chega que se ajusta mas também quem o recebe. Compete a nós pais, adaptar a nossa vida à chegada de um pequeno ser que ocupa um impensável espaço nas nossas vidas. A todos os níveis. E compete-nos a nós pais moldar e educar os nossos filhos para que se insiram e adaptem às nossas vidas.
Sempre ambicionei ter filhos daqueles que dava para levar para todo o lado, que não me tornassem prisioneira da maternidade e constantemente dependente da boa vontade e ajuda alheia, nomeadamente de avós.
E tive esse sorte!!!

Como seria de esperar não podemos ter filhos e querer manter a mesma vida, sem horários, sem regras, com a possibilidade de marcar e decidir programas em cima do acontecimento, só agarrar na mala e sair porta fora. Mas também não temos que anular a nossa vida social, seja em casal, seja com amigos, ou simplesmente sozinhas, enquanto mulheres.
No meu caso, não senti em momento nenhum da minha vida, que o lado social se tinha abalado. Tive a sorte de ser mãe num grupo de amigos com imensos filhos, e de ter filhos extremamente calmos, bem comportados e adaptáveis a todas as situações (mais do que agora que estão mais crescidos).
Sempre consegui levar a C e o T para um restaurante, para casa de amigos. Se os levava sempre? Não!!! Não sou daquelas mães que levam os filhos quando o evento não se coaduna com tal, como “jantar e saída só de adultos”, mas também não deixei de ter vida. Nunca fui escrava de horários nem da rigidez que algumas mães impõem a esta experiência da maternidade.
Mas tal como já referi esta é a minha experiência, a minha postura, que vale o que vale por ser exactamente isso, uma experiência pessoal. E que sempre funcionou bem porque tive filhos fantásticos nesse aspecto.
Sempre consegui conciliar muito bem o meu papel de mãe com o meu papel de mulher, amiga, amante, com o meu papel social. E sem fórmulas milagrosas, só com muita organização e sangue frio.
Tentava sempre dar o jantar (ou almoço) aos babies antes de sairmos de casa, sem desrespeitar os horários das refeições e as rotinas deles. Até porque depois muitas das vezes adormeciam no carrinho e assim se mantinham o resto da noite, sem birras, sem stresses e sem perderem as suas horas de sono. Esse era o único “truque” que tinha, se é que assim se possa chamar, levá-los de barriga cheia!!! Eles comem tão melhor em casa, no seu espaço, do que em espaços alheios. E depois vão mais confortados e em modo preguiça pós refeição.Mas também muitos termos de sopa e de fruta levei atrás...sem stress...
Mas lá está, tudo isto porque tive filhos adaptáveis e flexíveis, que dormiam e comiam em qualquer lugar e a quem nada nem ninguém parecia perturbar. A C era um caso quase raro de bom comportamento que com menos de 3 meses passou um fim de semana com os pais em casa de amigos a cantar karaoke até altas horas da madrugada sem dar um ai.
Como em tudo na vida, não há receitas certas, apenas aquilo que a nossa intuição de mãe nos leva a fazer. Eu decidi ter filhos prontos e adaptáveis a tudo. Que desde que nasceram dormiam com a claridade do estore aberto (a pediatra sempre me disse para os ensinar a distinguir o dia da noite logo desde o nascimento e acho que foi um ensinamento “santo”). Que nunca dormiram debaixo do silêncio absoluto durante o dia. Que nunca deixaram de participar na vida dos pais mas também que nunca deixaram de ficar em casa quando a ocasião assim o ditava.


Ter filhos é a simbiose perfeita de regras com a anarquia da independência, de barulho com silêncio, de escuridão com claridade. Ter filhos é tão complicado quanto mais complicarmos. E se criarmos os nossos filhos numa redoma ver-nos-emos presos nessa mesma redoma. Mesmo depois deles já se terem libertado. E o tempo não volta atrás…e o que melhor gozamos da vida é o que gozamos com eles…

(mais ou menos esta onda!!!!)

PS - em tempos o meu grupo de amigos implementou um jantar mensal só de adultos, com tudo aquilo a que nós pais tínhamos direito. Jantar, vinho, amigos, gargalhadas, discoteca...sem pressas e sem restrições. Isto numa fase em que o número de crianças começou a aumentar exponencialmente e as actividades infantis começaram a ocupar grande parte das nossas agendas ao fim de semana. Começámos a ver que num grupo de amigos tão grande, com tanta história para contar, que sempre gostou de conviver, de jantar fora (ou em casa, mas em grupo) e sair, as oportunidades de estarmos juntos se começavam a limitar aos respectivos baptizados e aniversários dos nosso rebentos. E antes de nos afundarmos exclusivamente nesta vida da maternidade e paternidade decidimos dar mais uma oportunidade à nossa vida social. E estes momentos valem cada minuto. Sem complexos ou culpas por sermos felizes longe dos nosso filhos. Porque voltávamos sempre para junto deles mais felizes, retemperados e cheios de energia. Hoje em dia a maioria desses jantares são feitos em casa, uns dos outros, com a presença das crianças, cada vez mais crescidas e participativas e que adooooram!!! Tão bom ver os meus filhos amigos dos meus amigos, dos filhos dos meus amigos!!! Que Deus os mantenha sempre assim uns para os outros como nós, os pais, somos uns para os outros!!!


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