quarta-feira, 3 de julho de 2013

Voltar à estaca zero...

Quem me conhece sabe que sempre tive um “bichinho” pela política…sabem a minha cor política, aquilo que defendo e em que acredito…não de forma cega e fechada, mas sim com alguma consciência, mais do que política, uma consciência social e de cidadã.
Acima de tudo acredito num futuro melhor…não vou cair no lugar comum de “ai isto já não há volta a dar, este país está entregue à bicharada, etc., etc.” Lamento muito ver famílias inteiras desempregadas. Pais e mães sem dinheiro para alimentar os filhos. Jovens a abandonar o país para conseguirem sobreviver.
Quem me conhece sabe que nem nas piores alturas, nem aquando do anúncio das piores medidas de austeridade (que tanto destabilizaram o meu orçamento de mãe “só”, atenção!!!) eu entrei em pânico e me senti a desmoralizar. Sempre disse “ok, tem que ser, não há alternativa, vamos fazer um esforço sobre humano mas é a única alternativa”.

Nunca me iludi, não vivo numa bolha, desfocada da realidade económica do meu país. Da realidade pré Troika, pré Passos, pré Gaspar e companhia!!! A crise não chegou com este Governo nem com a Troika. Em crise já nós vivíamos há muito tempo, com uma economia frágil e debilitada. Simplesmente se interiorizou que ela existe e que era preciso aceitá-la, encará-la e combatê-la.
Encaro a dita crise como uma espécie de doença grave. Não podemos ignorar a sua existência. Fingirmos que não existe só nos leva a uma “morte” lenta e agonizante. Temos que a encarar de frente, lutar contra ela por mais que os “tratamentos” sejam duros e nos façam sofrer durante meses ou anos a fio. Mas uma coisa é certa, milagres não existem e se não nos tratarmos, a doença não desaparece só por si.
Sempre aceitei (dentro do possível) todas as imposições governamentais, da Troika, da UE, todos os cortes e restrições…como um mal necessário e fundamental para resolver os nossos problemas e por um Portugal melhor, por uma economia mais sólida e equilibrada.
E penso que foi nisso que este Governo e o ministro demissionário Vítor Gaspar acreditaram igualmente. Ao aceitar este cargo, Vítor Gaspar sabia que seria o “bode expiatório” do povo. Como sempre é o Governo. “Eles”, os grandes culpados de tudo, se chove a culpa é do Governo, se faz sol o culpado é o mesmo. E de muita coisa são de facto os grandes culpados. Aceitar ser ministro das Finanças com uma conjuntura e herança destas…é obra…com muitos erros, muitos fracassos, muitos falhanços….é certo…mas também suspeito que nenhum outro faria melhor. E se chegar à conclusão (provada, ok, que eu sou como S. Tomé – ver para crer – que isto de falar qualquer um fala) que alguém fará ou faria melhor aqui estarei a reconhecer todo o mérito.

E agora Paulo Portas bate com a porta (trocadilho…lol….)!!!
E pronto…estão lançados os dados para uma crise governamental…para que a oposição que nada mais faz a não ser a crítica destrutiva, se chegue à frente, a pedir a queda do Governo para eventualmente tentarem a sua sorte na “cadeira do poder”.
Eu sempre defendi que desistir é para os fracos, por alguma razão os mandatos são por 4 anos, em 1 ou 2 anos nada se faz, nunca se atinge a estabilidade desejada e necessária…ainda por cima numa conjuntura como aquela em que vivemos…seja quem for, seja qual for o partido…sempre defendi que demissões e eleições antecipadas enfraquecem a economia e destabilizam um país. Nos dias em que vivemos…tenho para mim que será a gota de água, caso tal aconteça, para fazer transbordar o copo do descalabro deste país.
Rejubila-se de alegria com a demissão de ministros, preparam-se discursos de ataque e de pedido de demissão em massa, esfregam-se mãos de contentamento pelas oportunidades que a saída de uns podem deixar em aberto para outros.
Uma coisa é certa, o dinheiro não existe, ok?!!! A saída de “A” ou “B” não vai resolver o problema deste país. Vamos sim voltar à estaca zero e “perder 2 anos de sacrifício em prol de um futuro agora sim mais incerto.
Quer se goste quer não se goste, é o que temos. É o nosso país à beira mar plantado. Quem nos governa foi por nós eleito (e nem vale a pena virem levantar-se as vozes do contra que por isso vivemos em democracia – ganha quem tem mais votos – simples como 2 e 2 serem 4).
Segue-se o bater de porta de Assunção Cristas e Pedro Mota Soares. Expectável claro está. Aceito e respeito os motivos de quem sai, lamento pelo clima de euforia que se gera em quem aplaude…como se algo de bom se adivinhasse.

Agora sim, vou-me preocupar. Sem estabilidade política para conduzir um país parece-me a mim que o “barco” afunda mais facilmente.
Foram 2 anos de mau Governo, num mau país, numa altura.
Não vejo qualquer alternativa melhor, mais válida. De todo. Assusta-me a hipótese da alternativa se chamar António José Seguro. Oposição para mim vai mais além do que o significado tácito da própria palavra. Oposição não deveria ser só o dizer mal por dizer, o criticar por criticar. Nesta alternativa nada mais vi que não tenha sido o dizer que o Governo tinha que cair, e blá, blá, blá…a oposição, seja ela qual for, deveria dar o seu contributo na tentativa de crítica, de apontar falhas e apresentar sugestões. E tiro muitas vezes o chapéu aos pequenos partidos que de facto fazem em muitas situações uma verdadeira oposição, construtiva, porque não vivem com a sede de poder, porque sabem que o poder é algo “inatingível” para eles. Agora quem está lá perto….hmmm…


Parece-me que o Governo não tem condições para continuar…apesar de tudo…com muita pena minha…angustia-me pensar que vamos voltar à estaca zero. E que a oposição só sabe dizer que assim não pode ser, mas quando se pergunta "então como devia ser?" a resposta é "assim não é de certeza". Ah, ok...muito mais descansada...

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